Toda a base e a filosofia da Homeopatia estão voltadas para o que sentimos, o que somos, onde vivemos e como vivemos, é o chamado sentimento aflorado. Em uma determinada época da vida isso se torna como um poderoso e penoso fardo, muitas vezes insuportável de se carregar. Para cada medicação possuímos a observação clara de sentimentos, fobias, desejos, sonhos, pensamentos repetitivos e reações corpóreas. Assim procuramos a causa e não a conseqüência, o que somos e não o que nos tornamos, da onde viemos e não para onde vamos, a nossa essência e não a nossa superficialidade.
O relato feito por Hahnemann, Kent, Egito e Max Tétau, nos dá condição de analisarmos da seguinte forma uma breve exploração de identificação dos miasmas:
A Psora relata o medo ansioso, a angústia existencial, a tristeza, as funções mentais bloqueadas, a hipersensibilidade, o sofrimento, a bulemia, e possui dois grandes nomes: o Sulphur e o Psorinum.
A Sicose possui um medo irracional, possui uma ansiedade que lhe provoca distúrbios agressivos e de personalidade, e se torna compulsivo. Possui dois fortes indicadores de tratamento, a Thuya Occidentalis e o Medorrhinum.
O Sifilinismo traz a melancolia, a intolerância, o suicídio, a depressão maníaca e nele encontramos o Mercurius Solubillis e o Luesinum.
O Tuberculinismo possui a sua tendência maior na depressão e na esquizofrenia. Muda de humor como muda de roupa. Observa-se o Phosphorus e o Tuberculinum.
O Cancerinismo é a perda do controle mental, nele existem a angústia a depressão e a ansiedade. Observa-se o Conium Maculatum e o Carsinosinum.
De acordo com as referências do Dr. J-P Elbaz, Kent, Bar, Vijnovisky e outros, as medicações são aplicadas em suas fases agudas e crônicas, em estruturas de sintomas mentais e físicos. Na idade mais avançada, ficam muitos sentimentos e recordações, e estas lacunas são a porta de entrada para a maioria das doenças nessa fase da vida. Na terceira e na quarta idade, as referências tocam bastante no que diz respeito à Arnica Montana, Ignácia Amara, Hypericun Perforatum, Kali Bromatum, Lachese, Sépia e tantos outros. Sentimentos como nostalgia, depressão, tristeza e solidão não são sentimentos exclusivos da idade mais avançada, pode e alcança homens e mulheres em todas as faixas etárias. O que vemos e observamos é que é na terceira e na quarta idade que estes sentimentos ficam mais latentes e acabam por ser confundidos com estruturas normais da idade, levando ao descaso e ao adoecimento para depois chegar na doença propriamente dita. São considerados Distúrbios Neuropsíquicos: (1) a depressão, (2) a ansiedade e (3) a angústia[1]:
1- DEPRESSÃO:
A depressão ocupa hoje, um padrão alto de análise e complexibilidade. Chama-se depressão todo estado patológico de sofrimento caracterizado pela diminuição do sentimento de valor pessoal, pelo pessimismo e uma inapetência em relação à vida. Segundo Elbaz (1996) a depressão deve ser observada sobre as seguintes medicações:
A Pulsatilla é possuidora de uma dependência afetiva muito grande (ELBAZ, 1996), e poderá chegar ao suicídio e a loucura se for trocada pelos que ama. Seu movimento é sempre feito em família e nunca teve obrigações que a levassem a decidir nada – ao ser consolada sua melhora é rápida, o que a faz ser diferente de outra medicação bastante resoluta, o NatrumMuriaticum. O Aurum Met. já num estado psórico prepara a sua morte – suicídio, após uma autocrítica severa, isolamento e o desgosto consigo mesmo. Raramente ele falha em sua finalidade. A Sépia de linhagem tuberculinica, vem acompanhada na idade avançada pela insuficiência hepática e na maioria das vezes pelo prolapso uterino[2]. O choro está ligado à tristeza e a irritabilidade, e ela briga pela sua solidão constante. Usa-se nos estados depressivos mais graves e que estão ligados a anorexia. A sépia sabe que no estado mais avançado de sua vida não pode agir só.
Outro medicamento muito usado por Elbaz é o Tuberculinum, que apresenta uma sensibilidade incrível e visível pela música, mas sofre por não estar bem em nenhum lugar (KENT/HAHNEMANN). Torna-se extremamente melancólico e geme por todos os motivo. Podemos também citar como referência a grande influência da hereditariedade.
Elbaz defende ainda dois tipos de depressão:
a) Depressão Reacional;
b) Depressão de Involução.
a) Depressão Reacional, está diretamente ligada a uma agressão ou a um traumatismo, do tipo abandono ou luto. Desta forma existem três eventualidades mais comuns:
a.1) A sobrecarga traz consigo uma fraqueza absurda que leva ao estado de depressão (apatia) – Phosphoricuc Acidum - CH9 a CH 15 – não é capaz de juntar as idéias por causa da sobrecarga. Cocculus de CH 9 á CH 30 deve ser utilizado quando a tristeza vem com irritabilidade continua/costuma ser acompanhada de vômitos e náuseas ao andar de carro;
a.2) A mágoa antes da depressão traz dois medicamentos ricamente descritos – Ignátia e Natrum Muriaticum, ambos em CH9 até CH 30. A Ignátia traz a análise, segundo Elbaz, voltada para o sentimento pessimista e penas, o rir sucede ao choro, a agitação se transforma rapidamente em sofrimento. O paradoxo define melhor este estado. Estudos ainda trazem a essência do ambiente em energia perversa. O Natrum Muriaticum terá uma agravação a ser consolado e terá cefaléias periódicas ou crônicas (Nijnovisky/Elbaz); e
a.3) Elbaz ainda descreve a Depressão Pós-Menopausa, não em sua totalidade para o sexo feminino, porém acomete muitas mulheres e um tratamento adiado, uma postura não observada, pode ser o fator que faltava para o adoecimento. A Sépia possui um estado mental negro e totalmente indiferente para com os seus e o Lachesis segundo Hering, possui uma grande irritabilidade e fadiga intensa pela manhã. O ódio, a vingança e mesmo a crueldade estão muito presentes. Não justificam o ciúme, possuem o sono leve e sonham com enterros, mortos e fantasmas freqüentemente. Engana-se sobre as horas e os dias. Observar as diferenças com o Stramonium e o Medorrhinum, pois também possui muito forte a intelectualidade noturna.
b) Depressão de Involução, acomete aos que já passaram dos 60 anos é nervosa e traz consigo a ansiedade, a agitação e a hipocondria. Os medicamentos como Phosphorus, Phosphoric Acidum, Kali Phosphoricum e Bromatum, Baryta Carbônica (CH 15 Á 30) eArsenicum Álbum (CH15 Á 30) – segundo Elbaz (1996), são os mais utilizados. Nas descrições de Hahnemann e Elbaz se observa à anemia e a pele escamosa, edemas localizados, maníacos pela arrumação, avarento, egoísta e com tendência a nevralgia facial, verificar que o quadro está torto na parede.
2. ANSIEDADE:
No que diz respeito às Doenças Agudas e no seu estado aflorado, em plena crise e no auge da crise, Bernardo Nijnovisky[3] aponta a ansiedade como sintoma mental e usa uma série de 10 medicações para base de pesquisa no tratamento. Nijnovisky aponta:
a) Sulphur para os sentimentos de culpa e religiosidade excessiva ligadas a pressão sobre o peito para que seja perdoado dos seus pecados e sempre com um horário que chega a noite, antes da meia noite – horário em que deve estar deitado;
b) Pulsatilla (KENT/HAHNEMANN/NIJNOVISKY) chega definindo o medo do futuro e de suas doenças, provocando uma ansiedade com calafrios e febres ao entardecer. Não suporta se cobrir;
c) Nitric Acidum possui ansiedade por vigílias noturnas com medo da morte e excessivo esforço mental;
d) Argentum Nitricum;
e) Nux Vômica;
f) Phosphorus;
g) Aconitum Napellus e outros em suas referências no livro “Doenças Agudas”. A ansiedade é tratada por Banclichkeit, como um sintoma de psora de adoecimento mental acompanhado ou não de dor e que pode ser observado durante o dia e a noite. (Doenças Crônicas segundo Hahnemann). Segundo Elbaz (1996), a ansiedade é a viva inquietação oriunda da incerteza de uma situação, da apreensão de um acontecimento. Ele ainda qualifica três medicações muito importantes para essa análise:
h) Luesinum que ele chama de nosódio da vida moderna, devido a sua precipitação, seu estresse com tudo, sua febrilidade. Elbaz o qualifica como sifilítico – adquirido ou hereditário – lava as mãos com freqüência, possui um temor desmedido da ruína e perda de memória para as coisas muito conhecidas, o que agrava a sua ansiedade;
i) Lycopodium – medicamento psoroluético – perde o controle com crises entéricas, autoritário, cóleras explosivas, tem horror as pessoas e sempre fala com autoritarismo – chega a idade avançada preocupado com o envelhecimento físico e psíquico – prematuramente já é um velho. O Lycopodium apresenta artrite reumatóide, cistite catarral, desordem urinária e dos rins, digestivo, doença de pele e irritação, estimular o útero, febre, gastrite, trauma. O trauma do Lycopodium vem desde a infância. Bar acredita que esse desfecho se dá na adolescência, quando a personalidade esta prestes a se firmar, a sede de poder a qualquer preço. Uma sensível pesquisa feita com o paciente, revela a preferência do Lycopodium por sapatos e seu fascínio por lobos; e
j) Coffea – esta pessoa sofre todas as influências e as reações maléficas do café. Constrói planos e projetos a noite, sem conseguir se desligar. É hipersensível em todos os sentidos. Moreno o qualifica como medicação com hereditariedade ou contado excessivo (ex: trabalhadores de cafezais) e pontua a alternância de choro e risadas – crise de ansiedade com agitação.
3. ANGÚSTIA:
A angústia é a inquietação profunda, medo intenso originário de um sentimento de ameaça iminente e acompanhada de sintomas neurovegetativos, como espasmos, tremores, dispnéias... Elbaz qualifica 10 medicamentos de pesquisa:
a) Ignácia – O rei dos tranqüilizantes. Kent e Brun a mencionam nas histerias e os homeopatas franceses a observam nas perdas de amor recente. Na maioria das vezes a mulher se predispõe a Ignácia (Elbaz/Brun/Kent).
b) Gelsemium – O medicamento do medo por excelência – angústia superaguda, paralisação das reações motoras e intelectuais, distúrbios neurovegetativos. Pode se apresentar após um susto, uma súbita emoção ou mesmo uma má notícia (Elbaz/Lathyrus/Brun). Por intoxicação com a planta. Segundo alguns autores –Gelsemium é para o pânico da prova – normalmente apresenta diarréia de nervoso.
c) Argentum Nitricum – linhagem luética – Angústia por impaciência, ansiedade de antecipação – obs. Vertigem por tudo, medo de multidão, fóbico.
d) Ambra Grisea – Extremamente angustiada por qualquer coisa, chora muito, sua mágoa original vai para a depressão. Obs: lentidão respiratória e cardíaca.
e) Actaea Racemosa – caracterizada pelo medo de tudo. Sua angústia a torna incoerente e confusa – no final há possibilidade de uma depressão melancólica.
f) Lilium Tigrinum – medicamento histérico, com angústia depressiva mental, lamenta e chora muito. Obs: Natrum Muriaticum, Helonias, Actea Racemosa – excitação sexual forte e agitação febril.
g) Aconitum – angústia brutal, medo superagudo e aspecto de Sulphur, prediz a hora de sua morte, fóbicos de cair, morrer e etc...Insônia com pavor, agitação e angústia.
h) Arsenicum Álbum – é o medicamento da ansiedade angustiada, da agitação e do medo da morte. Parece idoso e envelhecendo antes do tempo, fatalismo diante do abismo, extrema fraqueza, resignação pela morte. Obs: Aconitum.
i) Glonoinum – Sempre após uma violenta emoção. É um verdadeiro estado de choque. Apreensão mortal, medo forte da morte, amnésia de lugares e entes queridos. Medicação de crise.
j) Opium – semelhante a Gelsemium – o diferencial é que o seu medo permanece nos olhos. Somatiza afonia, fezes involuntárias, paralisação intestinal e retenção de urina.
O Dr. Jean-Pierre Elbaz em seu livro “Tratado de Geriatria Homeopática”, defende as fobias dentro da análise da angústia. São definidas em três: (a) neurose de angústia, (b) neurose ansiosa com tendência fóbica, e (c) fobia sistemática.
Dentro dessas fobias, a investigação do homeopata deve ser direcionada a retirar o condicionamento da angústia e para tanto, Elbaz coloca como medicamento principal oArgentum nitricum e o Luesinum como seu complementar no caso do comportamento neurótico.
O quadro abaixo indica as principais fobias e seus medicamentos de estudo para a terceira idade, a quarta idade ou seja, para todas as idades.
AS PRINCIPAIS CIRCUNSTÂNCIAS FÓBICAS
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01
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O medo da morte
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Aconitum, arsenicum álbum, nitric acidum, alumina, natrum sulfuricum.
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02
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O medo das doenças
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Contagiosa (calcária carb, luesinum), Câncer (thuya, hydrastis, veratrum álbum), Do mal de viver (actea racemosa, ignátia, calcarea carbônica).
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03
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O medo da sujeira, dos micróbios.
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Lava as mãos o tempo todo – Luesinum.
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04
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O medo de ser incurável
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Arsenicum álbum, aconitum, nitric acidum, petroleum.
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05
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O medo da loucura (luético).
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Lilium tigrinum, Lachesis, muitos medos de tudo (calcarea carbônica), Argentum nitricum, Actaea racemosa.
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06
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Claustrofobia
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Actaea racemosa, argentum nitricum, Arsenicum álbum (medo do caixão), Lachesis (do abafamento).
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07
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O temor de uma infelicidade eminente.
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Causticum, Psorinum, Phosphorus.
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08
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Medo do futuro
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Thuya (ansiedade ruminada), Baryta Carbônica (fadiga mental), Psorinum (fadiga física e mental).
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09
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O medo da solidão
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Arsenicum nitricum, arsenicum álbum, Hyosciamus e Stramonium, Causticum, Conium, Kali carbonicum.
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10
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O medo do escuro
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Causticum, Stramonium, Phosphorus.
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11
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O medo de fazer qualquer coisa.
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Lycopodium, Silicea, Sépia.
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12
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O medo do contato.
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Arnica, China, Cina, Antimonium Crudum.
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13
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O medo da multidão
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Argentum nitricum, Aconitum, Ignátia.
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14
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O medo das novas pessoas.
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Baryta carbônica (um esclerótico), Ambra grisea (um depressivo chorão).
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15
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O medo de estar arruinado.
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Calcarea Fluórica, Luesinum, Psorinum.
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16
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O medo dos ladrões
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Natrum muriaticum
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17
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O medo dos objetos pontiagudos
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Silicea (de vacinas, agulhas e injeções), Alumina (facas), Spigelia.
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18
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O medo do vendo
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Thuya (diferenciar da agravação pelo vento: Chamomilla).
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19
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O medo dos animais
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Tuberculinum residuum, China – Hyosciamus, Stramonium (luese).
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20
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As fobias e obsessões sexuais
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Stapysagria, Phosphorus, Plaitna, Origanum, Tarêntula Hispânica, Stramonium.
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